segunda-feira, 18 de março de 2013

Marcas



Em mim, o tempo entalha
uma historia de linhas tortas.
Um começo brilhante, pontuado por um
meio acidentado e coroado
por um fim desastroso.
Cada veia e nó que desce por minha pele
como traços em madeira envelhecida
são marcas das dores que em mim ficaram.
Não as alegrias! Estas perdem o brilho
dentro de meus olhos cansados.
Estas são apenas lembranças, que não se pode
ver além de minha alma.
As cicatrizes que se aprofundam em meu ser,
estas se amontoam em minha cútis.
Como um tronco encanecido
repouso meu livro vivo, de amarguras e tormentos
neste solo tumular.
Espero as derradeiras linhas,
o trecho que o destino ainda planeja
mas ainda assim é obvio aos olhos do tempo.
Aguardo em silencio
o ultimo entalhe
em minha
carne enregelada...



Por Sebastian Strauss

terça-feira, 12 de março de 2013

Em Seus Devidos Lugares



Sob o solo, jazem meus desejos.
Sob o luar, minhas desesperanças.
Sob a grama, repousam meus anseios.
Sob as nuvens, minha putrefata silhueta trôpega.
Sob a pedra fria, embuçam-se minhas motivações.
Sob as estrelas, o homem que já fui degenera-se em desilusões.
Sob a vegetação, perde-se minha razão de me suster.
Sob o manto da noite, extingue-se a chama de meu fugaz viver.
Sob esta terra, descansa o que agora é ela.
Sob este céu, rasteja o que sobrou de meu deprimente ser.


 Por Sebastian Strauss

sexta-feira, 8 de março de 2013

Inocência Interrompida



 No piso gelado
Ele repousa agora.
Sob a luz de uma lua pálida
Jaz a inocência interrompida.
Não foram suas mãos
Oh, não foram suas mãos
que o carregaram dessa ilusão.
Foi o seu medo, seu desespero
Que o colocaram naquele chão.
Agora não há mais choro,
Não há agonia e nem transtorno.
Só a pedra fria pode ouvir seu coração.
Devagar, ritmado. Tocando fraco
Dizendo adeus.
Quem dera houvesse o outro lado,
E que tudo fosse acertado.
Quem dera a promessa fosse real,
E verdadeiro, o profetizado.
Mas quanto mais se aproxima,
Mais a luz bruxuleia
E se consome pela escuridão
Da noite que o rodeia.
Vai menino... Dá teus derradeiros suspiros.
Ninguém vai te julgar
Por ter simplesmente fugido.
Conheceu o mundo cedo de mais
E agora está partindo...
Ninguém vai te julgar
Por ter simplesmente fugido...



Por Sebastian Strauss

quinta-feira, 7 de março de 2013

Aie Pitié de Moi ...



La peur et la tristesse
empoisonner mon âme.
Je suis juste une carcasse
en espérant que les vautours me dévorer.
Aie pitié de moi, mon ange noir.
Aie pitié de moi...












Por Sebastian Strauss

Fragilidade Maculada



 Dolorida, amputada, quase derrotada.
Arrancaram-me do contato com os meus,
E sádicos admiram minha beleza.
Acham-me bela?
Como são superficiais...
Não são sequer capazes de perceber minha dor.
Minha natureza linda, exalando graça e harmonia,
Agora podada por suas mãos hábeis.
Hábeis o bastante para destruir, desonrar, macular...
Reclama que sou arisca? Que derramei gotas de teu precioso sangue?
O que pensaria se eu lhe ferisse em nome de meu deleite, de meu prazer?
Teu vislumbre encantado não me faz sentir menos estuprada.
Minhas lagrimas escorrem por meu rosto, e minha alma flagelada abandona meu corpo.
Minha doce fragilidade manchada pelo sofrimento que me impuseram agora mostrasse evidente em todo meu ser.
Solidão, mais um suspiro... O ultimo...
 Eu sucumbi.
E como num ciclo atroz, outras virão substituir-me.  
A dor nunca terá fim, enquanto apáticos vocês contemplam nosso sofrimento.



Por Sebastian Strauss

Oh Anjo


Oh, anjo adorado
Finalmente ouvistes meu chamado.
Mas agora que aqui estas
Percebo teu ar decepcionado.
Não encontrastes o que viera buscar
Não te encantaste, ao ver meu estado.
Não há brilho em minha alma
Apenas um ser malogrado.
Oh anjo, esplendor alado
Não sou um templo, sequer um sacrário.
Sou simplesmente
Um desiludido ordinário.
Mas, apieda-se, anjo visionário
E abandona esse olhar tão gelado.
Sei que sou indigna criatura
Mas atendeste ao meu chamado.



Por Sebastian Strauss